Perspectivas futuras: A visão de um desenvolvedor sobre o avanço da Inteligência Artificial
Trago uma perspectiva do que imagino para o futuro com base nos meus estudos como entusiasta de IA
Desde pequeno, ouço falar sobre Inteligência Artificial. Meu primeiro contato foi por meio dos filmes de ficção científica: “Eu, Robô” (2004) e “A.I. — Inteligência Artificial” (2001). Depois de vários anos, quando comecei a programar, o tema voltou à tona junto com Data Science e a “febre dos dados”, todos precisavam gerar dados para se manter no mercado e aproveitar os benefícios das IAs. Por volta de 2016, comecei a estudar mais a fundo e até considerei me tornar pesquisador nessa área. Hoje, sou apenas um entusiasta de IA e trabalho como desenvolvedor back-end Java.
Depois daquela primeira explosão em que todos falavam sobre Inteligência Artificial, o mercado meio que se acalmou. Agora, em 2023, estamos presenciando mais uma onda de pessoas se surpreendendo com a capacidade dos algoritmos que podem automatizar nossos trabalhos.
Não é de hoje esse alarde para a perda de empregos
Meu primeiro trabalho como programador foi criar uma página em WordPress para consumir uma API que retornava “As carreiras que vão desaparecer em 10 anos”, com base em uma pesquisa que dizia o seguinte:
“Até 2026, 30 milhões de vagas com carteira assinada poderão ser fechadas à medida que robôs avançam e ganham espaço. É o que aponta estudo realizado pelo Laboratório de Aprendizado de Máquina em Finanças e Organizações (LAMFO) da UnB (Universidade de Brasília), que avaliou 2,6 mil ocupações brasileiras utilizando denominações de cargos e funções do antigo Ministério do Trabalho e Emprego. A opinião especializada de 69 acadêmicos e profissionais atuantes em aprendizado de máquinas foi levantada para embasar o cálculo das probabilidades de automação.” — Robôs podem substituir 54% dos empregos formais do Brasil, prevê UNB — IT Forum
Essa não é a única pesquisa que traz alertas como esses, mas um ponto interessante sobre a maioria dessas pesquisas é que foram realizadas antes da pandemia. Esse evento mudou de várias formas a maneira como as pessoas interagem entre si, e também a forma que consomem produtos, gerando necessidades de mercado que se alteraram significativamente desde então.
Esse foi um ponto que levantei durante a leitura do livro “Inteligência artificial — Como os robôs estão mudando o mundo”, escrito por Kai-Fu Lee. Trata-se de uma obra excelente e que recomendo. O livro foi lançado em 2019, antes dos impactos da pandemia, e aborda algumas das mudanças que já estavam surgindo naquela época, incluindo pesquisas que alertavam sobre a perda em massa de empregos para sistemas automatizados. Minha perspectiva sobre o assunto é baseada nessa obra e em outras que li ao longo dos anos. Portanto, irei discorrer sobre os impactos atuais e avançarei para possíveis cenários futuros…
Ferramentas
Atualmente venho utilizando bastante os modelos generativos, como o GitHub Copilot e o ChatGPT, para me dar um apoio no dia a dia de trabalho. Venho percebendo um aumento na minha produtividade por conta destas ferramentas, assim como as linguagens de programação, que mostram para os programadores outra forma de fazer suas tarefas.
Tivemos diversas revoluções com o tempo… Cada geração de desenvolvedores teve o seu apoio:
Livros -> Fóruns na internet -> StackoverFlow -> Copilot
Apenas trocamos a página (ou aba, por assim dizer) de onde encontramos as repostas para nossas dúvidas. Não adianta correr disso!
Deixo aqui algumas sugestões de ferramentas que venho utilizando:
- GitHub Copilot: https://copilot.github.com/
- ChatGPT: https://chatbot.gpt.dobro.ai/
- Phind.ai: https://phind.ai/
Vamos perder nossos empregos?
Quanto à possibilidade do cargo de desenvolvedor de software desaparecer, eu adotaria uma abordagem mais realista: as IAs não eliminam “empregos”, mas sim funções específicas. E quais são as principais funções de um desenvolvedor?
- Análise de requisitos
- Alinhar expectativas com os clientes
- Design e arquitetura de software
- Codificação
- Documentação
- Trabalho em equipe
- Manutenção e suporte
Embora existam muitas outras funções, com base nas mencionadas acima, quais você acredita que um robô seria capaz de realizar? A resposta é: todas as tarefas repetitivas e tediosas, mas aquelas que envolvem empatia ainda estão longe de serem realizadas por IAs especialistas. Talvez nossos cargos mudem novamente (como já aconteceu várias vezes desde o surgimento do WebMaster haha) e tenhamos que aprender novas habilidades para nos mantermos no mercado de trabalho. No entanto, isso não deve ser assustador, especialmente para aqueles que trabalham com tecnologia, pois já deveriam estar acostumados com mudanças e disrupções.
Para quem está começando na área…
Se você está buscando entrar agora no mercado de trabalho como desenvolvedor, não há muita diferença em relação ao que estava acontecendo quando eu me candidatei para minha primeira vaga. Foque em resolver os problemas atuais com as ferramentas disponíveis, mas mantenha-se atualizado sobre as novidades que surgem e tente aplicá-las no seu cotidiano, isso sempre será visto como um diferencial e irá ajudar você a criar uma mentalidade flexível.
“Ser um(a) programador(a) vai além de escrever código; é ser capaz de trazer soluções inovadoras para os clientes, utilizando ferramentas e aplicando um pensamento sistêmico”
Perspectivas de futuro
Curto prazo
Existem dois tipos de IA: especialistas e generalistas. As especialistas são treinadas para realizar tarefas específicas, como reconhecimento de imagens e de voz. As generalistas têm a capacidade de desempenhar diversas tarefas, embora ainda não tenhamos uma IA de propósito geral que possa resolver todos os nossos problemas. Nesse sentido, é importante estudar os impactos que teremos na indústria, no mercado e no meio acadêmico, visando desenvolver um plano de ação bem estruturado. Esse processo requer o envolvimento de diversas áreas, como Filosofia, Sociologia, Psicologia e, claro, a própria Tecnologia.
Na minha visão, nos próximos anos veremos uma combinação do trabalho humano com o trabalho realizado pelas máquinas, o que já ocorre no meu dia a dia como desenvolvedor. Ambos irão se complementar. A Inteligência Artificial assumirá as tarefas pesadas, repetitivas e não criativas, enquanto os seres humanos se dedicarão ao trabalho criativo. Aqueles que não estão na área de tecnologia precisarão adotar a mesma mentalidade de adaptação, abandonando velhos hábitos para se manterem produtivos em um mundo onde essa habilidade será cada vez mais valorizada.
Daqui para frente, existem 2 cenários possíveis:
- Vamos perder empregos para a automatização e o mundo vai entrar em colapso
- Vamos perder empregos para a automatização e o mundo vai entrar em uma nova era de prosperidade
Longo Prazo
Para o longo prazo, prevejo muitas funções desaparecendo e a necessidade de profissionalização. Por exemplo, no caso do pacote Office: antes esse software ajudava nas tarefas que já eram realizadas, mas agora vamos precisar que as pessoas aprendam novas profissões e muitas delas ainda nem existem. Com o tempo, departamentos inteiros de empresas vão desaparecer, e precisaremos de uma coordenação entre os governos e as empresas privadas para entender como lidar com pessoas que não serão mais necessárias no mercado de trabalho. Não haverão tantos empregos como hoje, sendo que até no cenário atual faltam oportunidades de trabalho.
Atualmente, as empresas privadas, principalmente aquelas sediadas na China e nos Estados Unidos, são líderes na criação e posse dos modelos de IA, o que direciona os lucros para essas nações. Essa realidade gera uma preocupante desigualdade social, que já é evidente hoje, mas que tende a se agravar caso os governos e empresas não atuem de forma global para mitigar esse cenário. Esse é um dos pontos levantados por Kai-Fu Lee em seu livro, sobre como a substituição dos empregos irá atingir os profissionais com formação superior e teremos desemprego generalizado, mesmo com pessoas migrando de uma área para a outra, não haverá mercado o suficiente para tantos profissionais. A partir daí, precisaremos pensar em formas de distribuir essa renda que se contra em poucos países e empresas. Caso contrário, teremos um caos social.
Deixando claro que essas são perspectivas para um futuro distante, não acredito estar vivo para ver essa mudança drástica no modelo econômico mundial.
Conclusão
Como mencionei, esses modelos inteligentes têm me ajudado há algum tempo e vejo que estão se popularizando cada vez mais. Acredito que daqui para frente a área que mais precisaremos investir seja a educação, pois nenhuma geração vivenciou, em um curto espaço de tempo, a quantidade massiva de mudanças que está por vir. Precisamos aprender tanto quanto os modelos artificiais que estamos ensinando.
Estou animado para acompanhar os próximos passos que daremos em direção à uma sociedade que cresce junto com o desenvolvimento de novas tecnologias potencializadas pela Inteligência Artificial. Tenho, sim, minhas preocupações, principalmente em relação aos pontos que mencionei sobre desigualdade, mas acredito que podemos encontrar uma solução como sociedade para esses problemas!
Caso tenha alguma crítica, dúvida ou sugestão, fique à vontade para comentar abaixo ou nos envie uma mensagem:
Jean Jacques, Backend Software Engineer — https://www.linkedin.com/in/jjean-jacques10/
Gabriel Petillo, Product Owner — https://www.linkedin.com/in/gabrielpetillo/
Até a próxima!